Página:Echos de Pariz (1905).pdf/234

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grandes factos que elle pessoalmente não creou, mas a que soube presidir com perfeita dignidade e tacto: — a suppressão do boulangismo, ultimo fermento do espirito cesarista; a exposição universal de 1889; e a alliança ou festas alliadas da Russia e França. Todos estes acontecimentos, de resto, se prendiam com aquella ordem de preoccupações que n’elle eram mais vivas, da grandeza material da França e do seu predominio social na Europa. Peiado, travado pelos seus escrupulos de legalidade, em tudo o que se relacionava com a politica interna (ao contrario de Grévy que só se interessava pelo parlamentarismo pelos seus episodios) era para as relações exteriores da França, para a sua situação e gloria na Europa, que Carnot dirigia, senão uma franca iniciativa, ao menos aquella porção de iniciativa secreta de que se considerava ainda legalmente senhor. E ahi os seus serviços fôram reaes e eminentes, porque, se não teve em politica externa d’essas ideias seguidas, novas ou fortes, que outr’ora quando havia reis se chamavam «as grandes ideias do reinado», mostrou na sua conducta de chefe d’Estado, exposto á observação das chancellarias européas, tanta correcção e prudencia pacifica, e sentimento da grandeza nacional, que fez acreditar á Europa n’uma França tão digna, tão prudente, tão pacifica e tão forte na consciencia da sua grandeza, como se mostrava o chefe que ella escolhera. Por esse lado, Carnot foi um valioso cooperador da confiança da França em si mesma e da paz em toda a Europa.