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A Inglaterra tem virilidade colonial e a França só impotencia. Quando um homem novo, robusto, activo, penetra numa aldeia e rouba uma linda rapariga, commette de certo um acto escandaloso, e que todos devem condemnar com severidade. Mas esse valente homem tem uma justificação, um motivo que se comprehende (e com que mesmo se sympathisa): e se, d’esse enlace, lamentavelmente illegitimo, nascerem filhos sãos, fortes, activos, ha alli um positivo lucro para a humanidade e para a civilisação. Quando, porém, é um velho de oitenta annos, regelado, cachetico e a babar-se, que penetra na aldeia e rouba a linda moça, estamos então deante de um escandalo que não tem justificação possivel. É um escandalo ignominiosamente esteril. Nada lucra com elle a humanidade, nem o velho. E só podemos cruzar os braços com espanto e indignação, e exclamar: «Para que quer aquelle velho aquella moça?»

E é o que exclamamos agora, tambem, cruzando os braços: «Para que quer esta França este Sião?»


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Eu tenho um amigo que esteve n’esse pobre Sião, hospedado pelo rei, no palacio, e conta detalhes bem pittorescos.

Todo o reino de Sião pertence ao rei, tão completamente como ahi uma fazenda de café pertence ao fazendeiro. O rei é o dono do solo, dos edificios, dos