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Página:Eneida Brazileira.djvu/19

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ENEIDA. — LIVRO I.
21

A fio as guerras d’Ilion, pelo orbe
Já soadas; o Atrida, o rei troiano,
E terror de ambos sobresahe[1] Achilles.
Pára, e em lagrimas diz: «Que sítio ou clima
485Cheio, Achates, não he dos nossos males?
Eis Priamo! o louvor tem cá seus premios,
Doe mágoa alheia, e remanece o pranto.
Coragem! que em teu bem conspira a fama.»

Dice, e em vãos quadros se apascenta, e as faces
490Gemebundo humedece em largo arroio.
Vê de Pérgamo em roda a hoste graia
Do phrygio ardor fugir, fugir a teucra
Do instante carro do emplumado Achilles.
Ai! perto a Rheso por traição Tydides,
495No primo somno, arrasa as niveas tendas,
De carnagem cruento; e os acres brutos
Volve ao seu campo, sem gostado haverem
De Troia os pastos, nem bebido o Xantho.
Triste! as armas perdendo, alêm, Troílo,
500Que arrostou-se menino ao proprio Achilles,
He dos corséis tirado, e resupino,
Mas tendo os loros, do vazio carro
Pende; e a cerviz no pó, de rojo a coma,
Virada a lança hostil na arêa escreve.
505Em cabello, as Iliades afflictas
Ao templo iam tambem da iniqua Pallas,
O peplo humildes offertando, e os peitos
Com punhadas ferindo: aversa a déa
Olhos no chão pregava. A Heitor Pelides
510Tres vezes arrastara em tôrno aos muros,
De ouro a pêso vendia-lhe o cadaver.
Do imo um gemido grande Enéas sólta,
No olhar o espólio, o coche, o amigo exanime,
E a Priamo estendendo as mãos inermes.
515A si se reconhece entre os mais chefes.

  1. No original sebresahe, erro tipográfico corrigido na segunda edição.