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Página:Eneida Brazileira.djvu/217

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Do largo extensa mata avista Enéas;
Della com fluxo ameno o Tiberino,
Verticoso e veloz, de arêas flavo,
Ao mar prorompe: ao alveo e borda afeitas,
35Várias aves por cima em cêrco voam,
Com meigo trino as auras adoçando.
Que dobrem rumo ordena e á selva aproem,
E entra contente pelo umbroso rio.
Eia, Erato, exporei do Lacio antigo
40Os rêis, o estado, a successão de cousas,
Quando aportou n’Ausonia a estranha armada;
Vou do conflicto recordar o exórdio.
Tu diva, tu me inspira: horridas guerras
Dirá teu vate, os prelios, os monarcas
45Ferozes por seu damno; as tuscas hostes,
A coalição direi da Hesperia em armas.
Mór assumpto se me abre, he mór a empresa.
Velho, em socêgo e paz Latino as lavras
E cidades regía. He voz que a nympha
50Marica de Laurento houve-o de Fauno;
A Fauno gerou Pico; e este, ó Saturno,
Pae te refere: da familia es tronco.
O masculino herdeiro, inda em agraço
A sorte lh’o tirou: gentil princeza,
55Para um varão madura e já completa,
Era o esteio da casa e amplos dominios.
Da flor d’Ausonia e Lacio pretendida,
Pede-a, em avós e avoengos poderoso,
Turno ante os mais pulchérrimo; a quem genro
60Almejando a raínha, apressa as bodas:
Obstam porêm terríficos portentos.
De grenha santa, em fundo claustro havia,
Com temor conservado, um lauro annoso;
Que alli constava, ao começar os muros,
65Achara e a Phebo o dedicou Latino,