Página:Eneida Brazileira.djvu/219

Wikisource, a biblioteca livre

De fóra outros virão que o nosso nome
Exaltem com seu sangue, e em netos brotem
A cujos pés se curve e rode quanto
De um ao outro oceano o Sol perlustra.»
105Do pae Fauno em silencio o aviso dado,
Comsigo elle o não cala; e pela Ausonia
A revoar a Fama o assoalhava,
Quando a frota os mancebos laomedoncios
Da riba ao marachão gramineo ataram.
110O heroe, seus capitães e o lindo Iulo,
Sob arvore copada se acolheram;
Na relva, ensina-o Jove, ás iguarias
Candiaes tortas sotopõem, e o farreo
Solo de agrestes frutas acogulam.
115Como os fizesse a míngua dos manjares,
Trincada a exigua ceres, com audazes
Queixos e mãos violar a fatal crusta,
As orlas não poupando e chatas quadras:
«Hui! que as mesas tragámos» diz brincando,
120Não mais, Iulo. O annúncio as lidas finda;
E o pae, que o recolheu da affavel bôca,
Do nume se reteve estupefacto;
Clama emfim: «Salve, terra a nós fadada;
Salve, troianos e fiéis penates!
125Já temos patria e casa. Hoje recordo
As predicções de Anchises: «Quando, ó filho,
Gasto em praia estrangeira o mantimento,
Te obrigue a fome a consumir as mesas,
Descanso espera, o assento ahi te lembre
130De trincheiras munir.» Esta era a fome,
O extremo que traria aos males pausa.
Ledos, ao romper d’alva, esta paragem,
O povoado e a gente, investiguemos,
Do pôrto a dentro esparsos discorramos.
135Toca a brindar a Jove e ao divo Anchises;