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Página:Eneida Brazileira.djvu/221

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Desde o laurente Pico, em cem columnas
Sobranceiro e sublime, o sombreavam
Selvas com pio horror sempre acatadas.
Alli tomar primeiro o sceptro e os fasces
175Por feliz tinham: curia, templo, sala
Do sacrificio, ao longo alli das mesas,
Morto o carneiro, os padres se assentavam.
Por ordem no vestibulo as effigies,
De antigo cedro, estavam dos maiores:
180Italo, o vinhateiro pae Sabino
Tendo em baixo o podão, Saturno idoso,
Bifronte Jano, e quanto rei primevo
No patrio marte prodigou seu sangue.
Em sacros postes muitas armas pendem,
185Chuças, machadas, elmos e cocares,
Ingentes aldrabões, troncados rostros,
Captivos coches, e broquéis e alfanges.
Com lituo quirinal e em trabea estreita,
Pico, ancilia na esquerda, equite ardido,
190Lá pousava; a quem Circe, mallograda
No amoroso appetite, com feitiços
D’aurea varinha ao toque tornou ave
E as azas lhe esmaltou. Neste recinto
Foi que Latino, os Teucros introductos,
195Da séde régia placido lhes falla:
«Dardanidas (a patria, a origem vossa
Cá não se ignora, a fama vos precede),
Que demandais? qual trouxe á praia ausonia
Causa ou falta os baixéis por váos tam cegos?
200Fôsse êrro de caminho ou tempestade,
Contratempos do triste navegante,
Entrastes este rio, e já no pôrto
O hospicio não fujais; sabei que a gente
Latina de Saturno, por si recta,
205Não por temor da lei, tem-se aos dictames