Página:Eneida Brazileira.djvu/232

Wikisource, a biblioteca livre

Juno atalha: «[1]O terror e a fraude abunda:
Plantada a rixa, mão por mão combatem;
Já funestou fortuna o primo encontro.
Os hymeneus dest’arte o guapo filho
560D’Acidalia festeje e o bom Latino.
Que a sôltas vagues pelo summo Olympo
Não te permitte o padre soberano:
Despacha-te, que o mais fica a meu cargo.»
A taes palavras, do sidereo assento,
565Angui-estalantes azas desferindo,
Para o Cocyto a Erinnys se encaminha.
Lugar nobre e famoso, o valle Amsancto,
Ha da Italia no centro, ao pé de uns montes:
Floresta escura o fecha, e entre penedos
570Em vórtices fragosa uma torrente
Pelo meio murmura. Aqui, do torvo
Plutão respiradouro, antro medonho
Profunda, e as fauces pestilentes mostra
Do fendido Acheronte ampla voragem,
575Onde sumiu-se a Furia, o céo e a terra
Do seu bafejo odioso alliviando.
Nem menos a Saturnia a lucta azéda.
Rue do conflicto a multidão campestre,
Morto Almon e deforme de Galeso
580Carregando a cabeça, e implora os deuses
E a Latino conjura. No flagrante
Chega Turno, e do incendio e mortandade
Exagera o temor; que iam banil-o,
E misturar no throno a raça phrygia.
585Aquelles cujas mães, de Baccho attonitas,
Por ínvias selvas em choréas pulam,
De Amata ao grave nome exacerbados,
Marte infando a incitar, a l’arma gritam,
Contra o fatal augurio e contra os numes,
590E os altos paços á porfia cercam.

  1. Faltam as aspas nesse ponto do texto original.