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Página:Eneida Brazileira.djvu/234

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As lentas portas, a couceira quebra
E os ferrados batentes desmantela.
Arde a quieta Ausonia, e armas já pede:
Qual a pé campear, qual furioso
630Quer trotar em corsel pulverulento;
Qual dardos unta e limpa, adargas lustra,
Machadinhas amola e partazanas:
Praz desfraldar pendões e ouvir as tubas.
Malham cidades cinco e forjam lanças,
635Atina e Ardea possantes, Crustumerio,
Tibur altiva, Antemnas torreada;
Cavos elmos estofam, tecem tarjas
De vergas de salgueiro, finas grevas
De argenteos fios, eneos corsoletes;
640Retemperam na fragoa o patrio alfange:
Assim trocou-se o amor da fouce e relha!
Transmitte o dado a senha, os clarins fremem;
Quem o casco arrebata, ou rinchadores
Brutos junge, ou rodela e auri-trilíce
645Loriga veste, ou cinge a fida espada.
O Helicon, musas, franqueai-me: ousados
Rêis vou cantar, as tropas que os seguiram
Cobrindo os campos; que armas flammejaram,
Que heroes já n’alta Italia floreceram.
650Como lembradas sois, contai-m’o, ó divas:
Mal nos roçou leve aura do passado.
O atheu cruel Mezencio he quem primeiro
Á testa marcha das phalanges tuscas.
Lauso o acompanha, que excedia a todos,
655Salvo o garboso Turno, em gentileza;
Lauso, gran’picador, monteiro eximio
Conduz em vão de Agylla mil guerreiros;
Digno de se gozar do patrio reino,
E de outro genitor que não Mezencio.
660Após, carro e frisões da palma ornados,