Página:Eneida Brazileira.djvu/252

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Ao velho tenue bysso um verdoengo
Sendal compõe, e o touca umbrosa canna.
Ao Teucro falla e o peito lhe mitiga:
«Divo renôvo, que dos Gregos salva
35Pérgamo eterna á Hesperia nos transportas,
Nestas laurentes veigas esperado,
Casa tens certa, certos os penates;
Avante! não te assuste a feia guerra:
O tumente furor cessou dos deuses.
40Porque isto um sonho futil não reputes,
Em litoreo azinhal grande alva porca
Deitada encontrarás parida, e em roda
Nella a mamar trinta alvos bacorinhos.
Descanso aqui tereis; trinta annos vôltos,
45Aqui fundando-a Iulo, deste agouro
Alba derivará seu claro nome.
Não dubio o vaticino. O modo em summa
Te ensinarei de conseguir victória.
Lá d’Arcadia emigrados que de Evandro
50Sob a real brandeira aqui vieram,
Do bisavô Pallante por memoria,
Em montes assentaram Palantéa:
Com elles anda o Lacio em guerra assídua;
O arraial em commum, liga-te a elles.
55Eu, por meu rio e margens te ajudando,
Farei que a remos a corrente venças.
Sus! roga a Juno; assimque os astros caiam,
Devoto e supplice, ó de Venus filho,
O odio minaz lhe adoça: ao triumphares
60Me honres depois. Sou eu que em ampla chêa
Premo estas bordas, sulco e adubo as vargens,
Aos céos gratissimo, o ceruleo Tibre.
Meu paço he cá, de altas cidades mano.»
Dice, e immergiu-se: a noite a Enéas deixa.
65Desperto olhando ao lucido oriente,