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Página:Eneida Brazileira.djvu/256

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E dos socios á mesa habituai-vos.»
Dice, e os copos repôr e os pratos manda,
Senta os varões na relva; em tóro e pelle
De leão velloso a Enéas accommoda,
175Cede throno de bôrdo a heroe tamanho.
Moços, do antiste ás ordens, lestos servem
Taureas tôstas fressuras, dons de Baccho,
De obras de Ceres cumuladas cestas.
De rêz inteira o dorso e os intestinos
180Lustraes ministram pasto ao chefe e Troas.
Refreiado o appetite e a fome exhausta,
Disserta el-rei: «De tanto nume est’ara,
Esta pompa e festim, hóspede, usamos,
Não por superstição que os priscos deuses
185Desconheça; de atroz perigo exemptos,
Merito culto renovâmos gratos.
Nota em penha suspensa aquella pedra:
Dispersa a mole jaz, do monte a furna
Deserta, e ao longe as ruínas dos rochedos.
190Esta, em recesso vasto ao Sol defeso,
Era a espelunca do semihomem Caco,
Monstro immano; e, em recente morticinio
Sempre o chão tepido, aos portaes suberbos
De homens saniosas lívidas cabeças
195Fixas pendiam. De Vulcano filho,
Turbidos fogos vomitando, a enorme
Corpulencia movia. Ao suspirarmos
Por divo auxílio, o vingador Alcides
Chega a tempo, e do espólio e morte ufano
200Do trigémeo Gerion, de gado enchia,
Vencedor pastorando, o rio e valle.
Caco, infrene e brutal, que não se abstinha
Do mór flagicio ou dolo, da malhada
Touros quatro furtou-lhe os mais robustos,
205Quatro novilhas de excellente fórma;