Página:Eneida Brazileira.djvu/284

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Não quereis extirpar-nos, pois creastes
Em peitos juvenis valor tamanho.
Qual... (nisto, ambos abraça, as dextras cerra,
E lhes inunda em lagrimas os[1] rostos)
245Qual, varões, vos será condigno premio
Á tanta audacia? O mais gentil vos paguem
Vossa virtude e o céo; depois, Enéas;
E na idade completa nunca Iulo
Deslembre este serviço.» - «Antes eu, Niso,
250Que em meu pae só me salvo, ajunta Iulo,
Obtesto o lar de Assáraco e os penates,
E o juro aos penetraes da branca Vesta,
Minha fé, minha dita, em vós deponho:
Meu pae restituí-me; ao seu conspecto
255Nada infausto haverá. Dous bellos copos
De prata e com relevos, que de Arisba
Captiva elle tomou, dous grandes aureos
Talentos ganharás, mais duas trípodes,
E a que Elisa me deu cratera antiga.
260E se, a Italia domada, o sceptro alcanço
E os despojos partir; viste o cavallo,
Viste o arnez em que Turno campeava?
O broquel nítido, o cocar vermelho?
Serão teus, Niso, do sorteio exemptos.
265Doze meu pae te brindará formosas
Mães e crias, escravos doze armados,
E as mesmas lavras que possue Latino.
A ti porêm, que em annos me semelhas,
N’alma te abraço e adopto por consócio,
270Venerando menino: em qualquer ponto
Sem ti não terei glória; em paz e em guerra
Ser-me-ás fiel agente e conselheiro.»
Euryalo acudiu: «Nunca estes ausos,
Rode a fortuna próspera ou contrária,
275Desmentirei; mas dom maior te imploro:

  1. No original, está as.