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Página:Eneida Brazileira.djvu/312

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Rôta a guela; em terra a testa bate,
E a bôca lhe vomita em grumos sangue.
Destroça vário a Thraces tres, prosapia
De Boreas digna, e a tres de ismara patria,
350Que Idas padre enviou. Com seus Auruncos
Acode Haleso; acode o equite insigne
Messapo de Neptuno: ora uns, ora outros,
No umbral da Ausonia a combater, se expellem.
No espaço a pleitear discordes ventos,
355Em fôrça e ânimo iguaes, entre si luctam,
Nuvem nem mar cedendo; e renitentes,
Dubio a durar o prelio, a tudo affrontam:
Dest’ arte os Phrygios travam-se e os Latinos,
Pé com pé, rosto a rosto, arca por arca.
360Pallante alhures, onde ampla torrente
Seixos rola e arvoredos extirpados,
Vendo os Arcades seus, que, se apeando
Pelo aspero terreno, desafeitos
Á pedestre contenda, ao sequaz Lacio
365Voltam costas; segundo as occurrencias,
Roga, invectiva, os brios reaccende:
«Fugis, irmãos? por vós, por vossos feitos,
Pela do caro Evandro invicta glória
E a que nutro esperança de emulal-o,
370Não confieis nos pés: que a ferro entremos
Por onde espesso engloba-se o inimigo,
Alto a Pallante e a vós prescreve a patria.
Não divos, sam mortaes que a mortaes urgem;
Mãos tambem e almas temos. Golpho immenso
375Nos obsta; á fuga terra já nos falta:
Buscaremos o pégo ou teucros muros?»
Cessa, e por densos batalhões prorompe.
Lago, oh desgraça! o topa; e, emquanto lasca
Pesada rocha, de travez Pallante
380Finca-lhe, onde o espinhaço as costas parte,