Página:Eneida Brazileira.djvu/317

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Soterrei cópia de ouro, em meu palacio:
Não libra em mim dos Teucros a victoria;
Nada empece uma vida.» Enéas presto:
«Guarda essa prata, esse ouro bruto e em obra
525Para teus filhos: com matar Pallante
Aboliu Turno as transacções da guerra.
Isto, Anchises o approva, Ascanio o sente.»
E a sestra no elmo, atrás lhe dobra o collo,
Onde a espada lhe enterra até aos punhos.
530Perto o Hemonio, de Phebe e Apollo antiste,
Com sacra fita ás fontes presa a faxa,
Luzia na armadura e insignes vestes:
O heroe o acossa, abate, o immola, o cobre
Da ampla sombra; Seresto apanha as armas,
535E em trophéo t’as carrega, ó rei Gradivo.
A pugna instauram, de vulcania estirpe
Ceculo, e Umbro das marsicas montanhas.
Enfurece o Dardanio; á esquerda logo
A Anxur talha e desfaz rodela ferrea:
540Sonhava elle proezas, e esforçar-se
Com vozes crendo, e ao céo talvez se alando,
Brancas se promettia e longos annos.
De agreste fauno e dryope gerado,
Tarquito refulgindo enresta a lança:
545O heroe torcendo-a empece-lhe a coiraça
E o pesado pavez; descabeçando-o,
Lhe frustra a prece e o que dizer queria;
Revolve o tronco tepido por terra,
Com ânimo inimigo assim prorompe:
550«Jaze ahi, valentão; nem madre nympha
No patrio solo inhumará teus membros:
Serás de abutres pasto; ou, submergido,
Te ham-de a chaga lamber famintos peixes.»
Persegue, na vanguarda, ao forte Numa,
555Lycas e Anteu, Camertes, louro filho