Página:Eneida Brazileira.djvu/332

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LIVRO XI.


Já do oceano a aurora despontava.
Bemque urja o tempo de inhumar seus mortos
E o turbe o funeral, no primo eôo
Piedoso o vencedor cumpria os votos.
5N’um combro tancha desramada enzinha,
Veste-lhe de Mezencio o arnez lustroso,
Trophéo que a ti, Bellipotente, sagra:
Os dardos rotos, as sanguentas crinas
Lhe ata; á esquerda o pavez e a tiracollo
10Suspende a eburnea espada. E assim de ovantes
Capitães escoltado, exhorta os socios:
«Fóra o temor, varões, que pouco resta
Por fazer; eis o espólio, eis as primicias
De um rei suberbo, que estas mãos puniram.
15Eia, a Laurento agora: arma, arma, alerta;
Animo e fé! dos numes quando o aceno
Mova o campo, as bandeiras arrancadas,
Nem outro accôrdo vos detenha incautos,
Nem retarde os mancebos frouxo mêdo.
20Entretanto os finados sepultemos,
Conta exigida no ínfimo Acheronte.
De feraes dons ornai-me os que esta patria,
Comprada com seu sangue, nos legaram;
Vá primeiro de Evandro aos tristes muros
25Pallante, a quem não pobre de virtude
Mergulhou trago acerbo em noite escura.»
  Dice, e á tenda chorando se retira,
Onde o alumno defunto Acetes guarda,
Velho escudeiro do Parrhasio Evandro,
30Zeloso aio do filho, mas não dado