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Página:Eneida Brazileira.djvu/333

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Com tam feliz auspicio. A turba em cêrco
E os famulos em dó, conforme o estilo
Desgrenhadas o seguem phrygias donas.
Pelos altos portões mal entra Enéas,
35Levantam crebros ais, nos peitos ferem,
E remuge o real do lucto e pranto.
Como elle o níveo corpo, a face e a testa
Sustida olhou, da ausonia choupa o rombo
No seio liso, em lagrimas rebenta:
40«Pois surriu-me a fortuna, e a mim te inveja,
Moço infeliz, que o reino meu não visses,
Nem tornasses em pompa ao lar paterno?
Não foi esta a promessa a Evandro feita;
Que abraçado, á partida, ao grande imperio
45Me propunha, e entre sustos me advertia
De que era aspera a guerra e forte a gente.
E ora talvez, de balde esperançoso,
N’ ara devoto offrendas accumula,
Quando ao joven, já quite dos Supremos,
50Exequias vãs prestamos. Desgraçado!
O funeral cruel verás do filho!
Que triste vólta! oh sonho de triumphos!
Eis a fé minha! Mas com vis feridas
Não te envergonhará, nem, salva a prole,
55Tu pae desejarás o eterno somno.
Ai! quanto, Ausonia, quanto, Iulo, perdes!»
Neste lamento, escolhe mil guerreiros,
Que o misero cadaver acompanhem,
Obsequio extremo, e ás lagrimas assistam
60Do afflicto pae; devida, mas pequena
Consolação do nojo e trago ingente.
Brando esquife engradado alguns de vêrgas
De medronho e carvalho não remissos
Tecem, de folha o extructo leito ensombram.
65Fica na agreste cama o excelso moço,