Que a não tenha com mortos e vencidos;
Poupe os hóspedes seus, outrora sogros.[1]
Bom Enéas attende ás justas preces:
«Que ruim fado, accrescenta, nesta lide
105Vos implicou, Latinos, que de amigos
Nos renegais? E a paz quereis sómente
Para os da luz privados nas batalhas?
Eu quereria concedel-a aos vivos.
A não ser o destino, eu cá não vinha;
110Nem a gente combato. Ao jus de hospicio
Preferiu vosso rei de Turno as armas.
Turno he melhor que á morte se exposera:
Se expulsar-nos pretende, o pleito acabe
N’um duello comigo; e um de nós reste
115A quem seu nume ajude ou seu denodo.
Sus, á fogueira os cidadãos mesquinhos.»
Dice: absortos se olhando mudos ficam;
E o velho Drances, que odiento e infesto
Sempre a Turno crimina: «Ó tu, responde,
120Varão maior que a fama, como te alças?
Não sei que mais te louve ou mais admire,
Se o valor, se a justiça? Iremos gratos
Na patria o publicar, e, dado o ensejo,
Ao rei te unir: allianças busque-as Turno.
125Altear apraz-nos a fatal cidade,
Troianas pedras carregar aos hombros.»
Finda, e um consenso unanime sussurra.
Doze dias, em tregoas, juntos vagam
Por monte e selva os Teucros e os Latinos:
130Da bipenne o alto freixo ao córte soa;
Tomba o aereo pinheiro; as cunhas racham
De contino orno, roble, odoro cedro;
Ao carrear chiando as rodas andam.
E a Fama já, que apregoava ha pouco
135De Pallante as acções, do immenso lucto
- ↑ No original, há aqui aspas injustificadas, suprimidas na segunda edição.