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Página:Eneida Brazileira.djvu/339

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Quem eramos declaro, e a guerra e causa
De em Arpo nos acharmos. Com socêgo
Nos torna o Grego: «[1]Ó reinos de Saturno,
Priscos Ausonios, venturosos povos!
245Que fado a concitar vos solicíta
Ignotas guerras? Quantos profanámos
Com ferro Troia (os transes nella exhaustos
Omitto, e os que em si volve aquelle Símois)
Pelo orbe temos pago infandas penas,
250Taes que Priamo proprio as lastimara:
Minerva o testemunhe, o Arcturo infausto,
O ultrice Caphareu, de Eubéa as penhas.
Dalli, de praia em praia desterrados,
Menelao de Proteu foi têr ás metas,
255Aos Cyclopes trinacrios o Laercio.
De Pyrrho e Idomeneu subversos lares,
Ou lembrarei na Libya assentes Locros?
De vingar n’Asia um rapto ufano o Atrída
Rei dos rêis, por traição da atroz consorte,
260Cahe do adultero ao ferro em seu palacio.
E o céo não me invejou revêr a patria
E a bella Calydona e a cara espôsa?
Hoje inda monstros horridos me assombram:
Perdidos socios (ai cruéis supplícios!)
265Nos ares voam-me, aves da ribeira.
Com flébeis guinchos nos cachopos vagam.
Isto eu prevêr devia, malque insano
Corpos violei divinos, golpeando
A dextra a Venus mesma. A taes pelejas
270Não me instigueis, oh! não. Dêsque assolada
Pérgamo foi, com Teucros nem combato,
Nem me recordo ou fólgo desses males,
Os dons que me offertais rendam-se a Enéas.
Com elle dardo a dardo e braço a braço,
275Provei, crêde, quam lesto o escudo move,

  1. No original, não há aspas nesse lugar.