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Página:Eneida Brazileira.djvu/338

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Doídos removendo os mistos ossos,
Terra sôbre elles tépida amontoam.
Mas na opulenta laurentina côrte
O alarido he maior, mais geme o lucto.
210Mães, irmãs, noras, orphãos miseraveis,
Ferrenha guerra afflictos execrando
E os hymeneus de Turno, exigem que elle
No Lacio a primazia á espada obtenha.
Drances aggrava o caso, e attesta e jura
215Que Turno a desafio he só chamado.
Muito a favor de Turno opinam varios:
Da raínha o respeito e a sombra o amparam;
Seu renome e trophéos o heroe sustentam.
Neste flagrante, em meio do alvorôto,
220Do gran’ Diomedes pezarosos voltam
Com resposta os legados: nada as preces,
Nada os custos valeram da embaixada,
Nem dons em ouro; ou busque outra alliança,
Ou paz rogue Latino ao rei troiano.
225Esmorece o bom velho em tanta angústia:
Que o céo protege a Enéas lhe confirmam
Irados numes, frescos os sepulcros.
Chama a conselho os principaes senhores;
Que logo, ao seu mandado, enchendo as ruas
230Ao paço affluem. Do seu throno o digno
Ancião monarca, não com leda fronte,
Aos legados acena, e inquire e indaga
Com toda a pausa a etólica resposta.
Reina o silencio, e Vénulo obedece:
235«Nós vimos, cidadãos, o argivo assento,
E, da jornada os riscos superando,
A mão tocámos que assolou Dardania.
Elle no apulio Gárgano Argyripa,
Cognome patrio, vencedor fundava.
240Quando a vez tive, os dons lhe offerecendo,