Página:Eneida Brazileira.djvu/337

Wikisource, a biblioteca livre

Phrygios, o que lhe digo ao rei contai-o:
Se a luz nesta orphandade eu soffro, Enéas,
A tua dextra he causa, ao filho e ao padre
Olha que deves Turno: este o serviço
175Que do teu brio espero e da fortuna.
Gostos na vida enjeito, nem me assentam;
Sim, no inferno os receba o meu Pallante.»
Almo lume a verter, o albor canceiras
Renovava aos mortaes. Na curva praia
180Em pyras cada qual, Enéas, Tárchon,
Dos seus, usança velha, os corpos queima;
Na caligem dos fogos sotopostos
Se ennoita o céo. Tres vezes decorrendo
A infantaria, em fulgurantes armas,
185A rogal chamma fúnebre circula;
Tres a cavallaria; e ululam todos:
O chôro arnezes banha, a terra ensopa;
Grita, clangor, mugindo os ares fere.
Uns lançam na fogueira o ganho espólio,
190Guarnecidas espadas, elmos, freios,
Rodas ferventes; uns, de offerta aos donos,
Os broquéis nótos e infelizes dardos.
Hecatombes á morte, para a queima
Cerdos e nos contornos apanhada
195Immolam grei: na praia arder observam,
Em suas pyras semiardidas velam
Sem despegar-se, até que humida a noite
Inverte o céo de estrellas marchetado.
Nem menos tristes os Latinos erguem
200Fogueiras mil; dos seus enterram parte,
Levam parte á cidade e ás vizinhanças:
Em confuso montão, sem conto e nome,
He consumido o vulgo. Ao longe e ao largo
Á competencia os fogos alumiam.
205Manhã terceira assoma; e, de altas cinzas