Página:Eneida Brazileira.djvu/341

Wikisource, a biblioteca livre

Arando, em pasto o mais esteril deixam.
Esta região e o celso píneo monte
Ceda-se ao Teucro; e, justas leis dictadas,
Em amizade e em paz nos federemos.
315Se o quer, fique e entre nós se estabeleça;
Mas, se outra gente, outro paiz prefere,
E ir-se daqui, naus vinte ou mais teçamos
De italo sôbro, as que precisas fôrem:
Madeira jaz á borda; elles prescrevam
320Pontal, número, fórma; nós prestemos
Dinheiro, arsenaes, braços. E oradores
Cem d’entre os nobres deputar me agrada;
Que, nas mãos a oliveira, em brinde offertem
Marfim, talentos de ouro, e a trábea e a sella
325Curul, do reino insignias. Em consulta,
Provêde ao bem do combalido estado.»
Drances, a quem de Turno a glória punge
De vesga e amara inveja, em bens profuso,
Mais largo em lingua, timorato e imbelle,
330Não máo no alvitre, em sedições potente,
De incerto pae, da illustre mãe suberbo;
Se ergue, e em Turno carrega e incita as iras:
«Cousa, ó bom rei, suades nada obscura,
E escusas consultar. O que insta e cumpre
335Cada um murmúra, e expôl-o não se atreve.
Fallar conceda, e a tumidez remitta
Quem, por funesto auspício, ambicioso
(Digo, e armado elle a morte me commine)
Extinguiu tantos cabos, e a cidade
340E o povo enlucta; emquanto, em pés fiado,
Tenta o phrygio arraial e aterra o mundo.
Aos dons que ao Teucro, optimo rei, prodígas,
Um accrescentes, um; ninguem violento
Véde ao pae dar a filha a genro egregio,
345Em laço eterno e honroso a paz segures.