Página:Eneida Brazileira.djvu/342

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Se he tanto o susto, humildes o obtestemos,
Peçamos venia; á patria e ao rei se digne
O jus nosso outorgar. Autor de angústias,
Porque impelles o Lacio a taes perigos?
350Infausta guerra! a paz queremos, Turno;
O inviolavel penhor a paz confirme.
E eu, que a ti crês infenso (o que ora passo),
Eu te supplico para os teus piedade;
Cessa, e repulso vai-te. Assás matanças,
355Vimos assás os campos desolados.
Ou, se a fama te pica e insito esfôrço,
Em dote se esta régia obter anceias,
Ousa, ao rival te afoutes peito a peito;
Nem, para que a princeza espose Turno,
360Nós, vil turba insepulta e illagrimada,
O agro junquemos! Tu, se o patrio brio
Te anima e alenta, provocado arrosta-o.»
De Turno arde a violencia a taes dicterios;
Do imo suspira, em colera trasborda:
365«Sempre em phrases abundas, quando a guerra
Pede obras, Drances; nos debates primas.
Contêr mal pode a curia essas bravatas,
Que, entricheirado a salvo, te borbolham,
Emquanto em sangue os fossos não se inundam.
370Toa a usual facundia: eu sou cobarde,
Sim; tu Phrygios em pilha amontoaste,
Mil trophéos as façanhas te assinalam.
Teu vívido valor provar te cumpre:
He não longe o inimigo, os nossos muros
375Em roda assalta; vamos encontral-o.
Como! tardas? ou sempre tens Mavorte
Nessa balofa lingua e fugaz planta?
Eu repulso! ha, villão, quem tal me assaque?
Será quem viu de sangue o Tibre inchar-se,
380Quem de Evandro abatida a estirpe e casa,