Página:Eneida Brazileira.djvu/343

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O Arcade profligado? Certo Bicias
Não me arguirá, nem Pândaro e milhares
Que, na trincheira hostil encurralado,
Mandei n’um dia á Estyge victorioso.
385Infausta a guerra? ao capitão dardanio
E a ti, louco, esse agouro. Embrulha, espanta,
Nem cesses de exaltar os bi-captivos
E deprimir as armas de Latino.
Do Phrygio ora estremecem Myrmidones,
390Tydides ora e o Larisseu Achilles;
O Aufido o curso adriaco[1] desanda!
Finge o manhoso que de mim se teme,
Com seu medo fallaz me azéda o crime.
Nunca, descansa, mancharei meu braço;
395N’um peito more torpe essa alma indigna.
Vólto-me, ó padre, agora aos teus projectos.
Se não tens confiança em nossas armas,
Se não muda a fortuna, e uma derrota
Nos destroe e nos perde sem regresso,
400Paz roguemos, tendendo inermes dextras:
Bem que oh! se nos restasse o brio antigo,
Feliz na morte fôra e o mais egregio
Quem, por não vêl-o, o pó mordeu cahindo.
Mas, por nós frescas tropas se inda temos,
405Florentes povos de ítalas cidades;
Se com tormenta igual de sangue e estragos
Tambem veio aos Troianos a victória,
Porque á primeira ignavos desmaiamos?
Trememos antesque a trombeta sôe!
410Do tempo o vário andar melhora as cousas:
A muitos, que illudiu, fortuna instavel
Repoz em firme estado. Se Arpo etolia
O nega, auxílio nos darão Messapo
E o próspero Tolumnio, e os tantos cabos
415De possantes nações; nem glória escassa

  1. ádriaco no texto original; erro tipográfico corrigido na segunda edição.