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Página:Eneida Brazileira.djvu/354

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Trophéo não peço da prostrada virgem,
Nem seus despojos, honrem-me outros feitos:
Como ao golpe desta arma a dira peste
Derribe, á patria me retiro inglório.»
770Parte lhe ouviu do rôgo o deus benigno,
Parte em auras dissipa: á morte annúe
Da sorpresa Camilla, mas lhe nega
Revêr a excelsa patria; e pelos nôtos
As procellas a voz lhe dispersaram.
775Ao despregar da rechinante vira,
Convergem todos á raínha os Volscos
Turbidos olhos. Ella não pressente
O ar, o estridor, a farpa, até que á cércea
Mama ferra-se a ponta e funda o sangue
780Virgineo bebe. Acodem logo as socias,
Trépidas a senhora sustentando.
Entre alegria e susto Arunte escapa-se;
Nem mais confia em dardo, nem da virgem
Arrostar ousa as lanças. Quando o lobo,
785Antesque os tiros chovam, por desvios
Vai-se, morto o pastor ou nedio almalho,
Na montanha esconder; conscio da audacia,
Pavido o rabo encolhe e as selvas busca:
De evadir-se contente, assim medroso,
790Arunte no tropel desapparece.
A haste ella a morrer saca; mas o ferro
Pregado ás costas fica-lhe entre os ossos.
Desmaia, baça a vista, exsangue e fria;
Desbotam-lhe no rosto as frescas rosas.
795A donzella, a expirar, dos seus cuidados
Á confidente e mui querida falla:
«Mais, Acca irmã, não posso; ao golpe acerbo
Falleço, e tudo se me ennoita em roda.
Já, leva de Camilla o final termo:
800Turno succeda-me, e repilla os Teucros.