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Página:Eneida Brazileira.djvu/361

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LIVRO XII.


Turno, lendo nos olhos dos Latinos,
Lassos do adverso marte e esmorecidos,
Que exigem-lhe a promessa, ignito e fero,
Mais se exaspera e mais. Qual, de afras brenhas
5Ferido o leão no peito, encrespa as garras,
Do collo folga a sacudir a juba,
Do caçador estala o fixo dardo,
Ruge-lhe impavido a cruenta bôca;
Tal cresce a furia do abrazado moço,
10Que embravecido ao rei dest’arte falla:
«Turno he prestes; não ha por que o recuse,
Nem retracte a palavra o Troa ignavo.
Já marcho: immola, ó padre, o ajuste assella.
Ou d’Asia o desertor eu só na Estyge
15Despenho (assista o exército em repouso)
E a querella commum vinga este braço;
Ou vencido me entrego, e mais Lavinia.»
  Tranquillo então Latino: «[1]O’ bravo joven,
Quanto em brio te excelsas, mais me cumpre
20Temer por ti, pesar-te os casos todos.
Muito has valente a herança accrescentado;
Nem ouro falta e ânimo a Latino:
Possue Laurento e o Lacio outras donzellas
Não somenos. Verdades sem rebuço
25Desabridas me escuta, e não te enojes.
A filha (homens e deuses m’o cantavam)
A nenhum proco antigo unir cabia:
Mas por nossa amizade e parentesco,
Pelo chôro da espôsa o nó desfeito,
30Ao genro a fé quebrei com impias armas.

  1. No original, não há aspas nesse lugar.