Página:Eneida Brazileira.djvu/363

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Ou purpurêa a rosa entre alvos lirios.
Pregando olhos de amor na casta virgem,
Turno em marte flammeja: «Ó mãe, em summa,
Com tal chôro e preságio não me afflijas,
70Quando ao cru prelio desço: Turno alçada
Não tem na morte. Nuncio, Idmon, não grato
Leva ao tyranno phrygio esta mensagem:
Da Aurora crástina em puníceo coche
Ao roxear, os batalhões não mova;
75Armas descanse o Rutulo e o Troiano;
Decida o sangue nosso; em liça aberta
Desputemos Lavinia; e cesse a guerra.»
Dice, e parte; os frisões demanda, e os mira
Dos relinchos alegre: de Orythia
80Prenda honrosa a Pilumno, sobrepujam
No curso os ventos, no candor a neve;
De aurigas a mão côva os peitos logo
Fagueira trata, as crinas lhes pentêam.
De alvo orichalco e ouro a crespa cota
85Elle aos hombros circumda, a espada ageita,
O elmo rubri-cornuto, a enorme adarga:
Fez-lhe a espada ao pae Dauno o rei do fogo,
E a temperou candente n’agua estygia.
Do Aurunco Actor espólio, hasta robusta
90Péga, ao maior pilar do meio fixa,
E a brande a blasonar: «Ó tu, que nunca
Falhaste, lança, he tempo: Actor pojante
Manejou-te, ora Turno; dá que eu prostre
Válido, e arranque ao semiviro Phrygio
95E lhe espedace a malha, em pó lhe suje
O frisado cabello ungido em myrrha.»
Furente e em sanha, o vulto lhe scintilla,
Em braza ardem-lhe os olhos: como o touro,
Que a lucta ensaia horrífico mugindo,
100Tentando irar-se, aos troncos remettendo,