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Página:Eneida Brazileira.djvu/372

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Antes inglório conhecer as hervas
E exercer quiz a muda medicina.
N’hasta a bramir Enéas se estribava,
Cercado immovel de tristonhos jovens
385E de Ascanio a chorar. Peonia a loba
O habil velho traçando, em vão tentêa
E usa as de Phebo virtuosas plantas,
Em vão sonda com geito e prende o ferro
Com tenaz pinça: nem fortuna o serve,
390Nem seu mestre o soccorre; e mais no campo
Mais cruel medra o horror, mais perto avulta.
Já se ennovela o pó, já se ouvem rinchos,
No arraial chovem dardos; grita immensa
Dos combatentes soa e dos que morrem.
395Venus, a quem do filho as dôres pungem,
No cressio Ida colheu de flor purpúrea
Dictamo, caule de pubentes folhas;
Não da corça ignorado, se expedita
Frecha ao dorso lhe adhere. Em névoa escura
400Venus o traz involta: em vaso terso
De agua turva o infundindo, occulta o misto
Ella tempéra, e esparge-lhe os salubres
Succos de ambrosia e odora panacéa.
Inscio o longevo Iapis á ferida
405O banho applica: logo a dôr se extingue,
O sangue estanca; a setta por si mesma
Já segue a mão; restauram-se-lhe as fôrças.
«Presto, armas ao varão; tardais? primeiro
Grita Iapis e os animos inflamma:
410Não foi pericia minha ou arte humana
Que, Enéas, te curou; foi celso nume,
Que a façanhas grandiosas te reserva.»
Avido o Phrygio as canneleiras calça,
E as demoras detesta e brande a lança.
415Depois que enfia o escudo e a cota enverga,