Página:Eneida Brazileira.djvu/381

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Surdo as novilhas tugem, sem que atinem
Qual, dono da manada, ao bosque sigam;
Luctam renhidos enganchando os cornos,
Mesclam-se os golpes; muito sangue inunda
700Collos e espadoas; brama a selva e muge:
Dos heroes Teucro e Daunio assim retinnem
Broquéis e cotas, e o fragor rimbomba.
Ouro e fio a balança, os fados de ambos
Jove nas conchas libra, examinando
705Quem na lide succumba e vergue ao pêso.
Turno então, ferir crendo impune, esgrime,
Com todo o corpo sôbre o gladio cresce;
De susto um e outro campo exclama attento:
Mas a perfida folha estala e falha;
710E ao vêr, sem mais recurso o moço ardente,
Ignota empunhadura e a dextra inerme,
Como Euro foge. He voz que, ao primo assalto
Montando o coche, em vez do patrio ferro,
Do auriga arrebatou sem tino a espada:
715Ella bastara a dispersar os Teucros;
Mas, á prova das armas de Vulcano,
Se desfez como gêlo o mortal gume,
E em pedaços brilhou na fulva arêa.
Turno deita veloz pela campina,
720E mentecapto aqui e alli voltêa:
Lá fecham-no em coroa os Phrygios densos,
Arduos muros alêm, cá vasto lago.
Acre Enéas o acossa, e bem que ás vezes
Lhe impeça e aggrave os joelhos a frechada,
725Urge ao medroso o pé com pé fervente:
Qual, se em rio o sabujo encontra o cervo
Incluso, ou do espantalho de punícea
Penna acuado, late e o corre e caça;
Da ribanceira e insídia espavorido,
730Safa-se elle, anda e vira; o vívido umbro