Hiante o alcança, quasi quasi o aferra,
E, como se o pegara, os queixos range,
E a vã dentada o illude; a grita e os ladros
Retumbam na lagôa e em tôrno ás ribas,
735Toa ao tumulto o céo. Na fuga Turno
Exprobra e os seus nomêa, exige e pede
A nota lamina. O rival commina
Morte, se alguem lhe acode, o estrago e exício
Da cidade, e ferido insta, amedronta.
740Cinco vezes gyrando e regyrando,
Leves premios de jogos não pleitêam;
Da vida e sangue trata-se de Turno.
Sacro a Fauno, um zambujo havia acaso
De amara folha, aos nautas veneravel;
745Onde o náufrago os dons pregar sohia
Aos deus, e as vestes suspender votivas:
Porque em plano combatam, sem descrime
A arvore santa os Phrygios extirparam.
A hasta Enéas impelle, que ás raizes
750Se lhe apega tenaz: quiz arrancal-a
Com summo afinco e despedil-a a Turno,
A quem chegar a curso não podia.
Este louco de medo: «Ha mágoa, ó Fauno;
Retem a lança. eu te oro, amiga Tellus:
755Sempre honrei vosso culto, e a guerra eneia
Profanado vos tem.» Não foi baldia
Sua oração; que sôbre o tronco o Phrygio
Curvo labuta, e não lhe vale o esfôrço
Do lenho a desfechar o morso rijo.
760Emquanto mais se estriba e insiste, a diva
Daunia, em fórma do auriga, o irmão soccorre,
Dá-lhe a espada. A ousadia irríta a Venus,
Que baixa e da raiz despega a lança.
Refeitos de armas, de ânimo sublimes,
765Este afouto no gladio, aquelle n’ hasta,
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