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Página:Eneida Brazileira.djvu/384

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Nem mudem lingua e trajo. Eterno viva
O Lacio, os rêis Albanos; herde Roma
O italico valor, propague e brilhe:
Troia acabou, tambem seu nome acabe.»
805Surrindo o arbitro summo: «Irmã, lhe torna,
Segunda prole de Saturno, de iras
Estos volves no peito? O rancor cego,
Eia, amaina: de grado e ás preces tuas
Tudo concedo. Falla e usanças patrias
810A Ausonia guarde, o nome seu conserve:
Consorciados fiquem-se os Troianos;
Farei que, em rito iguaes e em sacrificios,
Formando um povo, a mesma lingua tenham.
Virão do misto sangue ausonio e teucro
815Homens pios que aos deuses se avantagem;
Nem haverá nação que te honre tanto.»
Juno eis annúe alegre, a mente aplaca;
Do ether já se retira e a nuvem deixa.
Outra cousa então Jove em si versando,
820Resolve separar do irmão Juturna.
Ha duas pestes, por cognome Diras,
De um parto vindas com Megera estygia
Da escura Noite, que as liou de serpes
E azas lhes deu ventosas. Ante o solio
825De Jove sevo e ao limiar assistem,
E o medo afilam dos mortaes, se alquando
Morbos elle prepara e o trago horrendo,
Ou pune as gentes com terrivel guerra.
Jupiter uma lá de cima expede,
830Que ominosa a Juturna se offereça.
Ella, n’um turbilhão, qual frecha voa,
Que despara o cydonio ou partho nervo;
Arma incuravel que no fel untada
E cru veneno, alígera estrugindo,
835Improvisa atravessa as leves sombras.