Página:Eneida Brazileira.djvu/385

Wikisource, a biblioteca livre

Desce a filha da Noite: e, mal que enxerga
Os exercitos ambos, no pequeno
Passaro contrahiu-se que a deshoras,
Pousando em cemiterios e ermas grimpas,
840Cruja importuno e lugubre nas trevas:
De Turno em cêrco a peste assim revoa,
Guincha aleando, e lhe verbera o escudo.
Turpor novo o arripia, hirto o cabello,
Tronca a voz na garganta. A irmã, que ao longe
845Distingue a Dira e as estridentes pennas,
As madeixas lacera, de unhas rasga
E afeia o rosto, e o seio com punhadas:
«Como ha-de agora, Turno, a irmã valer-te?
Ai! que me resta que te alongue a vida?
850Posso a tal monstro oppôr-me? Eu deixo o campo
Já já. Não me aterreis, obscenas aves;
O som letal e esse adejar conheço;
Não me enganam de Jove as duras ordens.
Paga-me generoso a virgindade!
855Fez-me eterna? oh pezar! se eu mortal fôsse,
Os desgostos findava, e aos tristes manes
Iria acompanhar o irmão querido.
Nada jamais sem ti me será doce,
Nada, meu Turno. Um boqueirão me engula,
860E em seu profundo centro abysme a deusa.»
Cobre a cabeça então com verde manto,
E gemebunda se sumiu no pégo.
O troço arbóreo coruscando Enéas,
Insta com feroz peito: «Que demoras,
865Turno? arrependes? não correr, mas cumpre
Luctar com sevas armas. Várias fórmas
Toma, usa embora todo o esfôrço e manha;
Sobe de surto aos astros, ou te occultes
Nas terreaes entranhas.» Abanando
870Elle a fronte: «Esses feros não me assustam;