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Página:Eneida Brazileira.djvu/41

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Sempre a assacar-me Ulysses novos crimes,
A espargir pelo vulgo ambiguas vozes;
Sempre em remorsos e a tecer meu damno.
Não descansou, sem que o ministro Calchas...
105Mas que importuna historia em vão recórdo?
Porque detêr-me? Se os Achivos todos
Tendes na mesma conta, assás ouvistes,
Em mim puni-os: o Ithaco o deseja,
Pagal-o-ão por bom preço os dous Atridas.»

110Do ardil pelasgo e infamia tanta ignaros,
Com ardor á porfia o interrogámos.
Pavido o gesto, o perfido prosegue:
«Lassos da guerra, o assedio erguer tentaram...
Oxalá que os Argivos o acabassem!
115Mas, no abalar, os retiveram sempre
Crespas tormentas, carrancudos austros.
Prompta essa mole de tecidos lenhos,
Mais borrascoso trovejou. Perplexos,
Ao delio templo Eurypilo enviámos;
120Que este oraculo triste annunciou-nos:
«Com sangue, ó Danaos, de immolada virgem,
Ao vir a Troia, os ventos aplacastes;
Sangue requer a vólta, e de hostia grega.
Divulgada a sentença, o espanto cala,
125Gêlo os ossos traspassa, e tremem todos
Sôbre a quem busque a Parca e o deus condemne.
Então com grande estrondo ao campo Ulysses
Traz Calchas, e insta que o mysterio aclare:
Muitos, já do perverso lendo n’alma,
130Em silencio o porvir me adivinhavam.
Dez dias encerrado, o vate abstêm-se
De delatar alguem e á morte expôl-o.
Do Laercio ao clamor, como por fôrça,
A voz desata emfim, me fada ás aras.
135O assenso foi geral: cada um tolera