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Página:Eneida Brazileira.djvu/46

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E os batalhões de accôrdo se encorporam.

Era quando aos mortaes começa e côa,
Divino dom, gratissimo descanso:
Tetrico Heitor em sonhos se me antolha,
280Debulhando-se em pranto; como outrora,
Negro do pó cruento a biga o arrasta,
Os loros arrochando os pés tumentes.
Ai quam mudado! Aquelle Heitor não era
Que no espólio volveu do proprio Achilles,
285E lançou teucra flamma ás pôpas graias.
Pegada a grenha em sangue, a barba esquálida,
Crivam-no golpes cem, que junto aos muros
Paternos recebeu. Chorando eu mesmo
Parecia arguíl-o em mesto accento:
290«Ó luz dardania, segurança e apoio!
Donde vens? que detença! Em tal estado
Só te avistámos, caro Heitor, agora
Que a cidade agoniza e os teus perecem?
Que acto indigno afeiou teu rosto ameno?
295Que feridas sam essas?» Elle nada,
De vãs queixas não cura, e grave arranca
Fundo suspiro: «Hui! foge, o incendio medra,
Foge, filho da deusa: em prêa aos Danaos
Rue do fastigio Troia. Assás fizemos
300Pelo rei, pela patria. Esta só dextra,
A haver defensa, defendera Pérgamo.
Seu culto Ilio te fia e seus penates:
Toma-os comtigo; o pelago discorram,
Té que lhes fundes majestoso alcaçar.»
305Dice, e tirou dos penetraes as fitas
E a poderosa Vesta e o fogo eterno.

A cidade se afunde em grita e pranto;
E, indaque n’um retiro entre arvoredos
Meu pae habite, mais clarêa o estrondo,
310Recresce mais e mais o horror das armas.