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Página:Eneida Brazileira.djvu/76

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Frigido horror, coalhado gela o sangue.
Puxo outro lento vime, o arcano sondo;
Atro cruor de novo a casca estilla.
Mil cuidos penso; ás Hamadryas oro,
35Ao do getico chão fautor Gradivo,
Que a visão ominosa em bem convertam.
Firmo os joelhos na arêa, o esfôrço envido,
Terceira haste acommetto; eis de um sepulcro
(Fallar devo ou calar?) imo suspiro,
40Gemente som, no ouvido me estremece:
«Ai! porque me laceras? poupa, Enéas,
Um finado; as mãos pias não profanes.
Gerou-me Troia, nem te sou estranho,
Nem este humor do tronco mana. Ah! foge,
45Foge o paiz cruel, a avara praia.
Sou Polidoro: aqui varou-me e cobre
De hastas ferrea seara, que em vergonteas
Agudas verdeceu.» De susto oppressa
Tituba a mente, estaco horripilado,
50Presa a voz á garganta. Ao rei threício
Com grande pêso de ouro ás escondidas
Mandara o infeliz Príamo este filho
A se educar, já quando, estreito o assedio,
Do successo das armas receava.
55Troia abatida, o perfido servindo
A victoria e fortuna agamemnonia,
Degola o moço e empolga-lhe o thesouro.
Os corações mortaes a que os não fórças,
De ouro fome execranda! Assim que os ossos
60Deixa o pavor, consulto os mais conspicuos,
E primeiro a meu pae conto o prodigio.
Convem todos que, á frota os austros dando,
Do malvado lugar, polluto hospicio,
Nos afastemos. Logo a Polidoro
65O funeral se instaura, e amontoamos