Página:Eneida Brazileira.djvu/77

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Sôbre o túmulo terra. Altar aos manes,
De azues listões e exequial cypreste
Enluctado, elevamos; destrançadas,
Como he rito, as Iliades o cercam.
70Tepido espumeo leite e de hostias sangue
De navetas e taças lhe infundimos;
A alma a vozes no túmulo encerramos,
Tres vezes proferindo o extremo vale.
Mal abonança o mar, segura o tempo,
75E Austro brando sussurra e ao largo invita,
Em nado a praia enchendo, as naus velejam;
Vai recuando a praia e os novos muros.
Sacra á mãe das Nereidas e a Neptuno
Egeu, ilha gratissima cultivam;
80Que a errar boiava, e o pio arcitenente
Com Mycon celsa atou-a e com Gyaro,
E a fez immota, que dos ventos zombe.
Lá fui ter; placidissima cansados
Nos recebe e agasalha. Ao desembarque
85A cidade acatamos apollinea.
Anio rei, que une o sceptro e o sacerdocio,
Do phebeu louro e fitas adornado
Sahe, reconhece o amigo velho Anchises,
Nos toma a dextra, nos recolhe e hospéda.
90Venero o templo erecto em penha antiga:
«Lassos dá-nos, Thymbreu, dá-nos progenie
E estaveis muros; salva estoutra Pérgamo,
Restos dos Gregos e do immite Achilles.
Quem nos guia? onde ir cumpre? onde assentarmos?
95Padre, em nós te insinua, o agouro aclara.»
Então, sinto agitar-se e tremer tudo,
Portas, louro do deus, e o monte em roda;
Muge a cortina, aberto o santuario.
No chão prostrados esta voz nos soa:
100«O uberrimo terrão, Dardanos duros,