Vossa origem primeira, ha de acolher-vos:
Ao gremio vos tornai da prisca madre.
A casa alli de Enéas no orbe inteiro
Tem de imperar, e os filhos de seus filhos,
105E os que delles nascerem.» Tal annúncio
Ledo alvorôto inspira; indagam todos
A que paragem Phebo os mande errantes
E a reverter convide. Anciãs memorias
Recordando meu pae: «Ó chefes, dice,
110Ouvi-me, roborai vossa esperança.
Creta, berço de Troia e do alto nume,
Equorea jaz, com o Ida e estados pingues
E amplas cidades cem; donde abordando
Junto ao Rheteu, se a tradição me lembra,
115Teucro, avô nosso, ao reino escolheu sitio.
Ilio nem seu castello inda existia,
Inda em profundos valles se habitava.
Daqui Rhéa cultora, e os corybantios
Sistros, e o monte Ideu; fiel silencio
120Daqui veio aos mysterios, e jungidos
Leões tirarem da senhora o carro.
Eia, o céo quer, os ventos aplacando,
Vamos já demandar as gnosias ribas:
Não distam muito, com favor de Jove
125Lá podemos surgir á luz terceira.»
Termina; e um touro mata, honras devidas
A Neptuno; a ti outro, ó bello Apollo;
Rez negra aos temporaes, branca aos favonios.
Expulso Idomeneu do patrio solio,
130Corre que, evacuada de inimigos,
Livre Creta ficou. Largando a Ortygia,
No pelago a voar, passamos Naxos
E os montes seus que em bacchanaes resoam,
Donysa verde, Oleáro e a nivea Paros,
135Na azul campanha as Cycladas esparsas,
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