Saltar para o conteúdo

Página:Eneida Brazileira.djvu/79

Wikisource, a biblioteca livre

Fretos de bastas ilhas semeados.
Na faina se ergue a nautica celeuma.
Vozes cruzam: Á Creta, ao ninho avito.
De ré nos venta a briza, e dos Curetes
140A veterrima plaga emfim tocamos.
Avido a nova Pérgamo coméço;
E, ufana com tal nome, incito a gente
A exalçar o castello e amar seus fogos.
Já varadas em sêcco as pôpas eram;
145Cuida-se em bodas, cuida-se em lavouras;
Casas regúlo e marco: eis plantas e homens
Saltêa corrupção que infecta os ares,
Triste anno, peçonhento ás sementeiras.
Ia-se a doce vida, ou se arrastavam
150Corpos a definhar: queimando Sirio
Estereis agros, resequidas hervas,
Enfezada a seara o pão negava.
Que eu, resulcando o mar, de novo em Delos
Consulte humilde a Phebo exhorta Anchises:
155Onde o refúgio, o termo a tanta angústia,
Convem tentar; que róta nos prescreva.
Noite era, e o somno os animaes prendia:
As divinas effigies e os penates,
Que do iliaco incendio resalvámos,
160Resplendecendo em sonhos me apparecem,
Donde pelas janellas mal cerradas
Cheia a Lua enfiava o argenteo raio;
Eil-os que do cuidado assim me tiram:
«Não mais o ortygio oraculo demandes;
165Por nós de grado Apollo aqui t’o envia:
Nós, Troia em chammas, sob as armas tuas,
Remedimos comtigo o inchado pelago;
Aos teus glória perenne, eterno imperio
Daremos nós: tu longo afã não temas,
170Procura a tal grandeza igual cidade.