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Página:Eneida Brazileira.djvu/81

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O vento em brenhas escarcéos levanta,
Nos joga e espalha pelo vasto pégo.
Tolda-se o dia, e pluviosa a noite
Nos rouba a luz polar; rasgadas nuvens
210Trovejam, relampêam. Fluctuamos
Sem rumo á toa; Palinuro mesmo
Perde o tino, e confunde a noite e o dia.
Nem fulge estrella nas opácas horas,
E em cerração tres dubios soes vagamos:
215Ao quarto, arrumação, que a olho augmenta,
Serros descobre, os topes já fumêam.
O panno arreia-se, a vogar surdimos:
Estribada a maruja a espuma estorce,
Varre o páramo azul. Das ondas livre,
220Ilhas do grande Jonio, em grego Stróphades,
Nas praias me recebem: nestas ilhas
Mora a cruel Celeno e as mais Harpyas,
Dêsque, enxotadas, os festins medrosas
E a vivenda phineia abandonaram.
225Monstro maior, nem divinal flagello,
Nem peste mais voraz brotou da Estyge:
Tem laxo immundo ventre e garra adunca,
Aves nojosas, com virginios rostos,
Magros, pallidos sempre e esfomeados.
230No arribar, gordo armento se offerece,
Fato, sem pegureiro, pelo prado:
Investimos a ferro, e aquinhoamos
Na presa o mesmo Jove e os outros numes.
Camilhas na enseada construímos;
235Regalado manjar nos banquetêa.
Subito em lapso horrifico as Harpyas
Descem dos montes, a adejar ruídosas;
Pilham tudo, enxovalham, contaminam,
Mesclando a tetro odor funestos gritos.
240Sob saxea lapa ao longe retirados,