Página:Eneida Brazileira.djvu/95

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Mas, deitar-nos a dextra não podendo,
Nem no alcance igualar do Jonio a altura,
Desmarcado urro dá, com que de espanto
Tremeu toda a Trinacria, e o ponto e as ondas;
700Do Etna as cavernas oucas remugiram.
Da espessura e montanhas rue e acode
Dos Cyclópes a raça e inunda as praias.
Quedos e em balde a olhar com torvo lume,
Esses etneus irmãos, congresso horrivel!
705Mostram-se desferindo aos céos as frontes:
Quaes aerios carvalhos, no mór auge,
Ou cyprestes coníferos topetam,
De Jove em mata ou luco de Diana.
Urge o medo a soltar cabos e vélas,
710E ir á feição dos ventos. Mas Heleno
Entre Scylla e Carybdes[1] prohibiu-nos
Seguir a lethal via: á orça o linho,
Toca a virar. Eis Boreas venta amigo,
Do estreito do Peloro: a foz transponho
715Do Pantagias aberta em roca viva,
E o sino de Megara e Tapso humilde.
Tendo a costa Achemenides corrido
Com o Ithaco infeliz, tudo apontava.
Contra o Plemmyrio undoso, ilhota ao golpho
720Siculo oppõe-se: a Ortygia dos antigos.
O Alpheu d’Elide, he fama, aqui rompera
Submarino; hoje mescla-se, Arethusa,
Por tua bôca nas sicanas ondas:
Lembrado, os numes do lugar venero.
725Passo do Heloro o pingue alagadiço;
Terra a terra, os penedos do Pachyno
E o saliente cabo. A não mover-se
Fadada, lá nos surge Camarina,
De Gela os campos e a cidade amplissima,
730Que do rio que os banha se appellidam.

  1. "Charybdis" na segunda edição.