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fragaveldo seu espirito de ordem e da sua sisuda administração.

As casas dos reis não são como as dos particulares: o que parece luxo n'estas é mesquinhez n'aquellas: e eis-ahi a difficuldade com que tem que lutar os administradores dos patrimonios reaes, devendo conciliar a ordem economica com o esplendor e a dignidade das augustas familias.

No nosso paiz é quiçá mais difficultoso do que nas antigas e opulentas monarchias fazer o milagre da conciliação d'estas duas cousas; porque os nossos monarchas, e a sua augusta familia são pobres, comparados com o que exige a realeza: o nosso economo, porém, soube casar tão acertadamente a ordem com o brilhantismo da coroa que teve aventura de agradar, com sua intelligente e fiel administração, tanto a S. M. o imperador como a S. M. a imperatriz, merecendo sempre o melhor e o mais distincto trato quer de SS. MM. II. quer de SS. AA.

Foi o conselheiro José Maria Velho da Silva tão zeloso do cumprimento de seu cargo de mordomo da casa imperial que esqueceu os seus proprios interesses até o ponto de encontrar-se mais reduzida a sua fortuna particular de pois de deixar a mordomia do que quando d'ella se encarregou oito annos e sete mezes antes.

Em Janeiro de 1855 fez entrega do honroso cargo, que exercera interinamente, ao proprietario d'elle, o conselheiro Paulo Barbosa da Silva que, de volta da sua viagem á Europa, reassumiu as funcções de mordomo da imperial casa.

Antes de entrar com o nosso finado consocio no retiro da sua vida privada, é meu dever dizer-vos que José Maria tratou seus subordinados, durante a sua administração como diz o Ecclesiastico no capitulo 32, verso 1º que é conve-