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José Maria, e se Antioco agradeceu no intimo do seu coração a lhaneza dos lavradores que lhe deram albergue, o primeiro imperador do Brasil foi mais além; pois, conhecendo o zelo que animava a José Maria, agraciou-o com a sua real amizade.

Era tão sincera a que professava o Duque de Bragança ao nosso finado consocio, que muitas são as cartas que lhe escreveu desde a sua sabida do Brasil até a sua prematura e lamentavel morte. Esta correspondencia— guardada com religiosa veneração pela familia Velho da Silva,— respira a maior estima, confiança, consideração e amizade da parte do duque para com seu leal e constante servidor e amigo.

Senhores, não sou supersticioso; mas a coincidencia de entregar a sua alma ao Creador o conselheiro José Maria Velho da Silva no dia anniversario da abdicação de Dom Pedro I, de quem era tão devotado amigo, é um facto digno de ponderação.

Aquelle que tantas virtudes possuia, que fora reverente filho, bom irmão, dedicado esposo, pai extremoso, cidadão exemplar e atilado cavalleiro deve ser chorado por esposa, filhos, parentes, amigos e consocios, e é uma felicidade que o céo lhe haja concedido a gloria de ver reproduzir as suas virtudes por uma prole digna do seu nome.

O conselheiro José Maria Velho da Silva deu á sua esposa D. Leonarda Maria Velho da Silva, sua viuva, dama honoraria de S. M. a imperatriz do Brasil,— perto de 34 annos d'uma felicidade inalteravel.

De seu consorcio com esta illustre senhora teve dous filhos o Dr. José Maria da Silva Velho, advogado, moço-fidalgo com exercício na casa imperial, e membro do Instituto da ordem dos advogados brazileiros, casado com D. Carolina Monteiro da Silva Velho, filha do visconde da Es-