Página:Esboços biográficos.pdf/46

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BRASILEIRA
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Adeus, ó lyra; basta: já se embruscam
Cada vez mais os ares: — sombra espessa
Envolve em torno a placida ramada,
Em que teu vate geme.

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Adeus, emfim, adeus lyra piedosa!
Ah! quantas vezes o teu pobre vate
Ameigava comtigo a dôr profunda
Em desveladas noites! »

Não ha aqui esse cadenciar harmonioso, essa morbidez e suavidade de fórma, que caracterisam as creações das almas ternas e sensiveis. O pensamento, descompassado como a dôr, vasa-se em moldes incorrectos. Alguns versos são talvez asperos e daros : mas ha nas imagens e nas idéas tal firmeza e elevação de pensamento, que recordam os mais bellos modelos desse genero.

Sente-se o carpir pungente da dôr, o grito omnipotente do proscripto, que se traduz em maldição contra a patria.

Porém o poeta, como o homem justo de Horacio, tem a fronte altiva e desassombrada, e desdenha a adversidade que o tortura.

A mesma valentia de inspiração e altivez de animo