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revelam-se ainda em mais subido gráo na sua admiravel ode aos Bahianos:

« Altiva Musa, ó tu, que nunca insenso
Queimaste em nobre altar ao despotismo;
Nem insanos encomios proferiste
De crueis demagogos.

Ambição de poder, orgulho e fausto,
Que os servis amam tanto, nunca, ó Musa,
Accenderam teu estro — a só virtude
Soube inspirar louvores.

Na abobada do templo da Memoria
Nunca comprados cantos retumbaram
Ah! vem, ó Musa, — vem, na lyra d'ouro
Não cantarei horrores.

Arbitraria fortuna! Despresivel
Mais que essas almas vis, que a ti se humilham,
Prosterne-se á teus pés o — Brasil todo,
Eu nem curvo o joelho!

Beijem o pé, que esmaga, a mão q'açoita,
Escravos nados sem saber, sem brio;
Que o barbaro Tapuya deslumbrado
O deos do mal adora.

Não — reduzir-me a pó, roubar-me tudo,
Porém nunca aviltar-me, póde o fado
Quem a morte não teme, nada teme
Eu n'isto só confio.