BRASILEIRA
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Embora nos degráos de excelso throno
Rasteje a lesma, para ver se abate
A virtude, que odeia; a mim me alenta
Do que valho a certesa !
E vós tambem, Bahianos, despresastes
Ameaças, carinhos; desfizestes
As cabalas, que perfidos urdiam
Inda no meu desterro!
Amei a liberdade, e a independencia,
Da doce, cara patria, a quem o Luso
Opprimia sem dó, com riso e mofa.
Eis o meu crime todo!
Cingida a fronte de sangrentos louros,
Horror jámais inspirará meu nome;
Nunca a viuva ha-de pedir-me o esposo,
Nem seu pai a criança!
Nunca aspirei á flagellar humanos,
Meu nome acabe, para sempre acabe,
Si para o libertar do eterno olvido
Forem precisos crimes!