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“Os poetas não mentem quando afirmam que os seres sobrenaturais aspiram, com ânsia, a vida contingente dos efêmeros”.

A ondina, ao sombrear da tarde, surge à tona d’agua e queda no açucenal flutuante à espreita do viador. Se o avista, seja fidalgo airoso ou rude zagal maltrapilho, exalta-se, estua-lhe, com o pulsar do desejo, o colo túrgido, acendem-se-lhe os olhos verdes, tingem-se-lhe de rosa as faces alvas e, quando o vê perto, saltando aligera sobre as alpondras, passando ligeira entre as ramagens densas, rompe esbelta na veiga e de pé, arqueando o busto em atitude imponente, afastando