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A noite abafava. Ao longe, sobre o mar oleoso, luziam relâmpagos alumiando um céu denso e revolto. Golpes de vento levantavam torvelins de poeira.

Na noite seguinte, à hora convencionada, entrei no chalé. Brandt esperava-me folheando vagamente a partitura do Parsifal.

A sala era um encanto. Móveis amplos, de repouso: poltronas e divãs de marroquim verde; o grande piano Bechstein, de cauda, aberto, e um harmonium. Um biombo de seda a um ângulo com altas cegonhas a fio de ouro, pensativas, fincadas em uma pata, sobre estrias trêmulas que figuravam um ribeiro e a haste longa, esguia e recurva de um lírio, aberto em cálice, emoldurava as aves.

Num cachepôt, em coluna de faiança, uma palmeira inclinava graciosamente as folhas em flabelos e nas paredes quadros preciosos, gravuras, retratos, máscaras carrancudas de samurais, porcelanas antigas; uma panóplia autêntica arranjada em torno de um escudo com um morrião ao alto e, irradiando, um troféu