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floresta híspida, sombria, desafogando-se aqui, ali em clareiras luminosas onde os predestinados falquejam e pulem as árvores do sonho com que fazem as liras da Poesia, os ídolos e os altares das Religiões.

— É de Londres?

— De Londres? Deu de ombros. Não sei. Criei-me perto de Londres. Nunca me disseram onde nasci.

— E seus pais?

— Não sei. Nunca os vi. Mãe... Que doce palavra! Acostumei-me a trazê-la na boca como alguma coisa que me iludia a sede de amor. Vivi do perfume de uma flor desconhecida, compreende? Sentou-se e, cabisbaixo, as mãos pendidas entre os joelhos, o busto inclinado, continuou: O senhor vem direito ao meu coração com um talismã de Bondade. É capaz de penetrá-lo.

— E não confia em mim? Acredite... Atalhou-me com um gesto;

— Se não confiasse não o teria recebido. E sabe por que confio? Porque é um concentrado e sonha. Há duas espécies de homens