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que vivem sós — o egoísta e o pensador: o primeiro retrai-se como o polvo — chamando a si todo o bem; o segundo isola-se para contemplar. Um tranca-se na sombra, outro procura o reflexo: é como o que se assenta à beira de um lago vendo nas águas as imagens do céu e da terra e a sua própria. Os isolados são, em geral, ingênuos e bons: como não dispersam confiança, não colhem desilusões. Que faz o senhor? Vive consigo, e é muito. Quem se entrega de todo ao mundo esquece o seu próprio ser.

Conheci os homens e neles achei o tigre, o cão, a raposa e a víbora: o cruel, o adulador, o trapaceiro e o ingrato. O senhor é dos que ouvem no silêncio e vêm na treva. Pensa que não o tenho visto a horas altas da noite, à janela? Que faz? Sonha. O sonho é a fecundidade, é como o pólen das flores — voa, mas não se perde. Não é possível que os germens das anteras tenham mais energia vital do que o pensamento e os germens voam no espaço, cruzam-se no ar livre e fecundam. Demais, o senhor fala o inglês, compreende-