Página:Esphinge.djvu/86

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“A casa taciturna, encardida, de grossas paredes esborcinadas em cicatrizes que expunham, como ossos de um corpo, as pedras verdes de limo e sempre escorrendo um suor de umidade, avultava imponente entre as árvores colossais de um parque, cujo fundo desaparecia aos meus olhos na densa, escura ramagem de um bosque onde altos, ramalhudos cervos levantavam bramidos a que respondiam, em áspero grasnar, bandos ariscos de patos selvagens”.

Da janela gradeada do meu quarto que abria, em ogiva, sobre o ocaso, onde me era grato ficar entretido horas e horas, eu contemplava a paisagem aveludada e o céu macio, seguindo as moles ondulações das colinas em cujo recosto pastavam animaizinhos brancos; entre cerros um trecho de rio estreito que parecia congelado, apesar do sol que o fazia reluzir tremulamente com o brilho intenso dos dias de verão e branca, muito esguia, aguçada em flecha, lançando-se de um cerrado de castanheiros, a torre solitária