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Não sei se era um anjo
O corpo gentil qu’eu vi:
Porém tinha o seu candor —
Era do mundo o primôr —
E se não era do céo
Porque azas não trazia
Com suave melodia
Repetia o canto seu!

Tinha nos labios candura
Nos olhos meiguice e amor —
Era lindo — como é linda
A primavera da flôr
Era puro como é pura
Na desgraça e desventura
A consoada maternal —
E ingenuo quando dizia
Que o amor qu’elle sentia
Na terra não tinha igual.

Ouvi o anjo da terra
Que p’los do céo me fallava —
Que juras d’eterno amor
Tão meigamente jurava —
Imprimi então um beijo
Que a fez córar de pejo —
Nos seus labios de coral —
E de prazer tão subido