Dos ramos do carvalho a briza se debruça...
Na sala alguem soluça... (amor ou languidez?)
Subito a nota extrema anceia, treme, rola...
Alguem pede uma esmola... Senhora, não olheis!...
Assim nos tempos idos a musa canta e pede...
Genio e mendigo... vêde... o abysmo de irrisões:
Tasso implora um olhar! Vai Ossian mendicante...
Caminha roto o Dante! e pede pão Camões.
Bem sei, senhora, que ao talento agora
Surgiu a aurora de uma luz amena.
Hoje ha salario p′ra qualquer trabalho,
Cinzel ou malho, ferramenta ou penna!
Melhor que o Rei sabe pagar o pobre
Melhor que o nobre — protector verdugo!
Foi surdo um throno... á maior gloria vossa...
Abre-se a choça aos Miseraveis de Hugo.
Porém não sei se ó por costume antigo,
Que inda é mendigo do cantor o genio.
Mudera-se os pannos do scenario a esmo,
O vulto é o mesmo... n′um melhor proscenio.